Primeiro, Paulo Henrique alegou ser ambulante e que achou o bebê, mas mudou versão ao ir depor nesta quinta (11). Suposta mãe também foi à delegacia. Exame de DNA vai confirmar se eles são os pais.
O homem que alegou ter encontrado um bebê numa sacola em uma equina do Sítio Histórico, em Olinda, compareceu à delegacia nesta quinta-feira (11), após ser intimado pela Polícia Civil como pessoa que fez o resgate. No local, segundo o advogado James Lancaster, que atua na defesa dele, Paulo Henrique confessou ser o pai do recém-nascido.
O menino foi "localizado" no dia 2 de novembro e levado para o Hospital Tricentenário, onde permanece internado. Além do suposto pai, a possível mãe, que é companheira de Paulo Henrique, também esteve na delegacia nesta quinta, acompanhada por outro advogado, mas deixou o local sem falar com a imprensa.
A Polícia Civil não informou se suposta mãe do bebê foi convocada para prestar depoimento ou se compareceu de maneira espontânea. O g1 não conseguiu contato com a defesa dela.
Também nesta quinta, Paulo Henrique e a companheira dele forneceram material genético para o teste de DNA, segundo o Conselho Tutelar. O bebê também passou pela coleta, no hospital. A ideia é confirmar o parentesco.
Segundo a coordenadora dos conselhos tutelares de Olinda, Cláudia Moura, os supostos pais foram ouvidos nesta quinta pelo delegado responsável pelo caso, mas a mulher teria comparecido de maneira espontânea. O investigador não repassou detalhes sobre o caso ou concedeu entrevista.
"Nunca existiu ambulante algum. Isso foi uma história que o pai da criança criou para poder salvar o seu filho porque ele estava em ato de desespero e foi a única forma que ele encontrou de salvar a sua criancinha", declarou o advogado de Paulo Henrique (confira detalhes mais abaixo).
Além de Cláudia Moura, o caso é acompanhado pela conselheira tutelar Cristiane Barbosa. Um casal compareceu ao Conselho Tutelar no dia 4 de novembro alegando ser parentes do menino. De acordo com Cristiane, o exame de DNA também deve ser realizado para confirmar se esse casal tem ou não o parentesco com o recém-nascido.
"Tem duas pessoas que falaram que supostamente podem ser familiares da criança. A gente já encaminhou para o Ministério Público e vai ser encaminhado também para a Justiça, já que a Vara da Criança está acompanhando o caso. Sendo encaminhados, a gente solicita um teste de DNA para constatar se [o bebê] é parente da genitora ou daquelas duas pessoas que compareceram antes", declarou Cristiane.
Em boletim divulgado no final da manhã, o Hospital Tricentenário informou que o bebê conclui o ciclo de antibióticos ainda nesta quinta-feira (11). Também disse que o médico neonatologista que cuida do paciente solicitou novos exames para poder avaliar quando o recém-nascido pode ter alta.
Após ter alta, o bebê vai para uma casa de acolhimento até que toda a situação seja esclarecida e a Justiça decida com quem ele fica. Segundo a Cristiane Barbosa, existe a possibilidade de a criança ser entregue aos cuidados da mãe, mas depende do que a mulher alegar e de uma decisão judicial.
Caso a mãe não tenha condições de se responsabilizar pelo bebê, são buscados parentes maternos e paternos que possam assumir a guarda dele. Somente se não houver familiares, ele segue para adoção, explicou a conselheira.
CONSELHO
Depois de ir para a delegacia, Paulo Henrique e a mãe dele foram ao Conselho Tutelar para apresentar a versão para o caso.
A conselheira Cláudia Moura afirmou, na noite desta quinta, que eles disseram que não conheciam o casal que se apresentou dizendo que tinha parentesco com o bebê. "Além disso, ele confirmou a versão apresentada na delegacia", disse.
A companheira de Paulo Henrique está sendo esperada no conselho, na terça-feira (16), de acordo com Cláudia.
"Ela foi, hoje [quinta] ao laboratório por causa do teste de DNA. Vamos ouvir a versão dela para chegar a uma conclusão, já que temos que garantir a segurança da criança", disse.
Imagens das câmeras de casas do Sítio Histórico mostram um homem com uma sacola onde o recém-nascido foi encontrado. Essa pessoa é Paulo Henrique e tudo teria acontecido pouco após o bebê nascer, segundo o advogado.
Lancaster afirmou que o casal desconhecia a gravidez, tendo descoberto apenas no momento do parto.
"Eles não sabiam que ela estava esperando [um bebê], tanto que ela não fez o pré-natal. Então, no momento que estavam dormindo, ela acordou com dor, segurando o braço dele. Daqui a pouco, já estava estava 'coroando' [nascendo] a criança", declarou.
O defensor do suposto pai disse, ainda, que o parto aconteceu em casa. "Eles próprios [pais] fizeram o parto, tanto é que [...] ele pegou [uma tesourinha e passou] álcool em gel, esterilizou com todo cuidado do mundo. Ele cortou o cordão umbilical, colocou a criança [na sacola] de forma que não sufocasse e foi para o hospital", declarou.
O casal está junto há cerca de três anos, ambos estão desempregados e moram na casa da sogra de Paulo Henrique, com uma filha de um outro relacionamento da mulher dele, segundo o advogado. Ele também tem outros filhos.
"Ele ficou sem saber o que fazer no momento, porque ele não ia jogar o menino na rua. [...] A bolsa que ele levou, vocês vão ver pelas câmeras que ele foi direto para o hospital. Em momento algum ele deixou a criança no ambiente lá, sozinha", disse Lancaster.
O advogado afirmou que a decisão de levar a criança ao hospital foi tomada tanto pelo pai, quanto pela mãe. "A mãe estava ciente. A mãe e o pai é que chegaram a essa decisão de ir para o hospital", declarou o advogado.
O defensor disse, ainda, que Paulo Henrique está arrependido do que fez. Para Lancaster, não houve crime na declaração anterior do homem, de se apresentar como ambulante que "achou" o bebê. "Haveria um crime se ele tivesse sustentado a mentira, dito que era um ambulante. [...] Aí poderia haver denunciação caluniosa", alegou.
A Polícia Civil não se pronunciou sobre uma possível responsabilização criminal de Paulo Henrique, nem divulgou os próximos passos da investigação. Após o depoimento, ele deixou a delegacia junto ao advogado, no começo da tarde desta quinta-feira.
O Conselho Tutelar afirmou que os supostos pais ainda devem ser ouvidos pelo órgão para prestar esclarecimentos, mas ainda não há data marcada para isso acontecer.
Com informações do G1
O advogado James Lancaster defende o homem filmado com a sacola em que estava bebê encontrado em esquina de Olinda no dia 2 de novembro — Foto: Katherine Coutinho/ g1 |
O homem que alegou ter encontrado um bebê numa sacola em uma equina do Sítio Histórico, em Olinda, compareceu à delegacia nesta quinta-feira (11), após ser intimado pela Polícia Civil como pessoa que fez o resgate. No local, segundo o advogado James Lancaster, que atua na defesa dele, Paulo Henrique confessou ser o pai do recém-nascido.
O menino foi "localizado" no dia 2 de novembro e levado para o Hospital Tricentenário, onde permanece internado. Além do suposto pai, a possível mãe, que é companheira de Paulo Henrique, também esteve na delegacia nesta quinta, acompanhada por outro advogado, mas deixou o local sem falar com a imprensa.
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A Polícia Civil não informou se suposta mãe do bebê foi convocada para prestar depoimento ou se compareceu de maneira espontânea. O g1 não conseguiu contato com a defesa dela.
Também nesta quinta, Paulo Henrique e a companheira dele forneceram material genético para o teste de DNA, segundo o Conselho Tutelar. O bebê também passou pela coleta, no hospital. A ideia é confirmar o parentesco.
Segundo a coordenadora dos conselhos tutelares de Olinda, Cláudia Moura, os supostos pais foram ouvidos nesta quinta pelo delegado responsável pelo caso, mas a mulher teria comparecido de maneira espontânea. O investigador não repassou detalhes sobre o caso ou concedeu entrevista.
"Nunca existiu ambulante algum. Isso foi uma história que o pai da criança criou para poder salvar o seu filho porque ele estava em ato de desespero e foi a única forma que ele encontrou de salvar a sua criancinha", declarou o advogado de Paulo Henrique (confira detalhes mais abaixo).
Além de Cláudia Moura, o caso é acompanhado pela conselheira tutelar Cristiane Barbosa. Um casal compareceu ao Conselho Tutelar no dia 4 de novembro alegando ser parentes do menino. De acordo com Cristiane, o exame de DNA também deve ser realizado para confirmar se esse casal tem ou não o parentesco com o recém-nascido.
"Tem duas pessoas que falaram que supostamente podem ser familiares da criança. A gente já encaminhou para o Ministério Público e vai ser encaminhado também para a Justiça, já que a Vara da Criança está acompanhando o caso. Sendo encaminhados, a gente solicita um teste de DNA para constatar se [o bebê] é parente da genitora ou daquelas duas pessoas que compareceram antes", declarou Cristiane.
Em boletim divulgado no final da manhã, o Hospital Tricentenário informou que o bebê conclui o ciclo de antibióticos ainda nesta quinta-feira (11). Também disse que o médico neonatologista que cuida do paciente solicitou novos exames para poder avaliar quando o recém-nascido pode ter alta.
Após ter alta, o bebê vai para uma casa de acolhimento até que toda a situação seja esclarecida e a Justiça decida com quem ele fica. Segundo a Cristiane Barbosa, existe a possibilidade de a criança ser entregue aos cuidados da mãe, mas depende do que a mulher alegar e de uma decisão judicial.
Caso a mãe não tenha condições de se responsabilizar pelo bebê, são buscados parentes maternos e paternos que possam assumir a guarda dele. Somente se não houver familiares, ele segue para adoção, explicou a conselheira.
Paulo Henrique, inicialmente, afirmou que encontrou bebê dentro de bolsa no Sítio Histórico de Olinda — Foto: Reprodução/ TV Globo |
CONSELHO
Depois de ir para a delegacia, Paulo Henrique e a mãe dele foram ao Conselho Tutelar para apresentar a versão para o caso.
A conselheira Cláudia Moura afirmou, na noite desta quinta, que eles disseram que não conheciam o casal que se apresentou dizendo que tinha parentesco com o bebê. "Além disso, ele confirmou a versão apresentada na delegacia", disse.
A companheira de Paulo Henrique está sendo esperada no conselho, na terça-feira (16), de acordo com Cláudia.
"Ela foi, hoje [quinta] ao laboratório por causa do teste de DNA. Vamos ouvir a versão dela para chegar a uma conclusão, já que temos que garantir a segurança da criança", disse.
Imagens das câmeras de casas do Sítio Histórico mostram um homem com uma sacola onde o recém-nascido foi encontrado. Essa pessoa é Paulo Henrique e tudo teria acontecido pouco após o bebê nascer, segundo o advogado.
Lancaster afirmou que o casal desconhecia a gravidez, tendo descoberto apenas no momento do parto.
"Eles não sabiam que ela estava esperando [um bebê], tanto que ela não fez o pré-natal. Então, no momento que estavam dormindo, ela acordou com dor, segurando o braço dele. Daqui a pouco, já estava estava 'coroando' [nascendo] a criança", declarou.
O defensor do suposto pai disse, ainda, que o parto aconteceu em casa. "Eles próprios [pais] fizeram o parto, tanto é que [...] ele pegou [uma tesourinha e passou] álcool em gel, esterilizou com todo cuidado do mundo. Ele cortou o cordão umbilical, colocou a criança [na sacola] de forma que não sufocasse e foi para o hospital", declarou.
O casal está junto há cerca de três anos, ambos estão desempregados e moram na casa da sogra de Paulo Henrique, com uma filha de um outro relacionamento da mulher dele, segundo o advogado. Ele também tem outros filhos.
"Ele ficou sem saber o que fazer no momento, porque ele não ia jogar o menino na rua. [...] A bolsa que ele levou, vocês vão ver pelas câmeras que ele foi direto para o hospital. Em momento algum ele deixou a criança no ambiente lá, sozinha", disse Lancaster.
O advogado afirmou que a decisão de levar a criança ao hospital foi tomada tanto pelo pai, quanto pela mãe. "A mãe estava ciente. A mãe e o pai é que chegaram a essa decisão de ir para o hospital", declarou o advogado.
O defensor disse, ainda, que Paulo Henrique está arrependido do que fez. Para Lancaster, não houve crime na declaração anterior do homem, de se apresentar como ambulante que "achou" o bebê. "Haveria um crime se ele tivesse sustentado a mentira, dito que era um ambulante. [...] Aí poderia haver denunciação caluniosa", alegou.
A Polícia Civil não se pronunciou sobre uma possível responsabilização criminal de Paulo Henrique, nem divulgou os próximos passos da investigação. Após o depoimento, ele deixou a delegacia junto ao advogado, no começo da tarde desta quinta-feira.
O Conselho Tutelar afirmou que os supostos pais ainda devem ser ouvidos pelo órgão para prestar esclarecimentos, mas ainda não há data marcada para isso acontecer.
Com informações do G1