Games estimulam atos violentos como afirmou Lula? Não, diz a ciência

Um crescente número de estudos mostra que não há conexão entre jogos e comportamento agressivo em adolescentes.

Games estimulam atos violentos como afirmou Lula? Não, diz a ciência
Imagem do jogo Call of Duty - Foto: Reprodução/ Instagram

O presidente Luiz Inácio lula da Silva (PT) criticou, na última terça-feira, os jogos de tiro. Para ele, esse tipo de game incentiva a violência em crianças e adolescentes e estaria por trás dos recentes atos violentos em escolas brasileiras. A declaração aconteceu durante uma reunião realizada no Palácio do Planalto para discutir ações integradas de segurança em escolas.

Hoje a molecada joga com gente de outro país, passam noites jogando, e tudo isso resulta nessa violência no meio de crianças — disse o presidente.

Entretanto, a ciência discorda desse argumento. Por muito tempo, os jogos violentos foram acusados ​​de degradar as mentes dos jovens e incitar a violência. Entretanto, pesquisas recentes concluíram o oposto: não há conexão entre jogos violentos e comportamento agressivo em adolescentes.

Um trabalho publicado em 2020 por pesquisadores da Universidade Massey, na Nova Zelândia, reexaminaram 28 estudos de anos anteriores que analisaram a ligação entre comportamento agressivo e videogames e concluíram que 
a pesquisa atual é incapaz de apoiar a hipótese de que os videogames violentos tenham um impacto preditivo significativo de longo prazo na agressão juvenil”.

Outro estudo, feito pelo Oxford Internet Institute, da Universidade de Oxford, não encontrou nenhuma relação entre comportamento agressivo em adolescentes e a quantidade de tempo gasto jogando videogames violentos. Os pesquisadores analisaram dados nacionalmente representativos de adolescentes britânicos e seus pais, juntamente com dados oficiais da União Europeia e classificações americanas de violência em jogos. As descobertas foram publicadas na revista científica Royal Society Open Science.

A ideia de que videogames violentos geram agressão no mundo real é popular, mas não foi testada muito bem ao longo do tempo”, disse o pesquisador principal, professor Andrew Przybylski, diretor de pesquisa do Oxford Internet Institute, em comunicado. "Apesar do interesse no tema por pais e formuladores de políticas, a pesquisa não demonstrou que haja motivo para preocupação, concluiu.

Em entrevista ao GLOBO, em 2019, após o massacre de Suzano (SP), Salah Khaled, autor do livro 'Videogame e Violência' (Civilização Brasileira) e coautor de “Explorando a Criminologia Cultural” (Letramento) — juntamente com Jeff Ferrell, Keith Hayward e Alvaro Oxley da Rocha —, Salah H. Khaled Jr. afirmou que os games são usados como “bodes expiatórios” para evitar a discussão de problemas sociais complexos.

Com informações de O Globo

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