Pernambuco registra ao menos 73 casos de agulhadas no Carnaval 2020

A SES-PE notificou 69 casos até a última segunda, mas ao menos 4 pacientes procuraram o Correia Picanço nesta quarta

Pernambuco registra ao menos 73 casos de agulhadas no Carnaval 2020
Uma das vítimas foi um motorista de 42 anos, que estava brincando Carnaval com o filho em Olinda — Foto: Reprodução/ Felipe Ribeiro/ JC Imagem



Ao menos quatro pessoas procuraram o Hospital Correia Picanço, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, na manhã desta Quarta-feira de Cinzas (26), após terem sido possíveis alvos de picadas de agulha durante o Carnaval. Os casos aconteceram em Olinda (três) e em Paulista (um), no Grande Recife. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), até a última segunda-feira (24), 69 casos foram notificados pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs), totalizando, pelo menos, 73 pessoas afetadas pelas agulhadas.

Leia também ↷
>>> Sobe para 43 número de denúncias à polícia de 'agulhadas' no carnaval do Recife e de Olinda <<<
>>> Secretaria de Saúde de Pernambuco registra 23 casos de agressões por agulhadas no Carnaval <<<

Duas das vítimas, que preferiram não terem suas identidades reveladas, foram um motorista de 42 anos e seu filho, um estudante de 16 anos. Ambos estavam no Pátio do Carmo, em Olinda, nessa terça-feira (25), quando perceberam que estavam sangrando na mão. "Procuramos algum atendimento em Olinda e não tinha. Não tinha ninguém para orientar a gente lá, aí preferimos vir para o hospital. Eu vim para eliminar qualquer possibilidade de infecção, mas não estamos preocupados porque a probabilidade é muito pequena. É uma maldade a pessoa sair com o intuito de machucar as pessoas. Isto não existe", conta o motorista, que compareceu ao Correia Picanço nesta quarta.

Outra vítima relata que sentiu uma furada na costas, em um bloco em Paulista, quando brincava com sua irmã e seus dois filhos. "Não consegui ver o rosto dele porque ele estava com máscara. Ainda fui na UPA de Jardim Paulista, mas mandaram eu vir para cá (Correia Picanço). Já chorei muito, não existe isto. É uma brincadeira de mau gosto", comenta a mulher, que tem 37 anos e é empregada doméstica. Ela afirma que não gosta de Carnaval e que havia saído apenas na terça para levar os filhos. "Nunca mais quero saber deste negócio de Carnaval. Fica o trauma, né?", declara.

$ads={1}
A quarta vítima estava em um bloco de Carnaval no bairro de Águas Compridas, em Olinda, quando sentiu uma picada na perna. A mulher, de 47 anos, que é diarista, diz que achou que havia sido queimada com cigarro. "Foi no domingo, estava nas Donzelas de Águas Compridas quando senti um negócio na coxa. Quando virei, vi um rapaz branco, mas não consegui ver o rosto. Eu senti queimando, pensei que tinha sido cigarro, mas preferi vir pro precaução", acrescenta.

Dos 69 casos confirmados pela SES, 41 vítimas eram do sexo feminino e 28 do sexo masculino. As furadas ocorreram em Olinda, Recife, Jaboatão dos Guararapes e no município de Orobó, no Agreste de Pernambuco. Dos pacientes atendidos no Hospital Correia Picanço, ainda segundo a SES, 65 realizaram a profilaxia pós-exposição (PeP) para prevenir a infecção pelo HIV e outras doenças. É indicado que o atendimento aconteça até 72 horas após a picada. Os índices de transmissão por meio de picadas com agulhas infectadas é de 0,3%, em média.

Em 2019, foram cerca de 300 casos durante o Carnaval. Não houve casos positivos em relação às furadas. Até o momento, a Polícia Civil de Pernambuco registrou 43 boletins de ocorrência com denúncias de pessoas que disseram ter sido furadas. Foram dez denúncias no sábado (22), 15 no domingo (23) e 18 na segunda-feira (24).

Quais os perigos reais para a saúde?

O infectologista Bruno Ishigami comenta sobre os riscos de transmissão de doenças decorrentes das agulhadas e esclarece que as principais preocupações são com o HIV, as hepatites B e C. “O HIV é um vírus que não permanece muito tempo viável no meio ambiente. Então, se uma pessoa (infectada) se furou para contaminar alguém, a chance de o HIV permanecer viável na superfície da agulha, a ponto de conseguir ser transmitido para alguém, varia de minutos a horas”, diz o médico.

Apesar de os índices de transmissão do HIV, por meio de picadas de agulhas infectadas, serem baixos, as pessoas que chegam ao Hospital Correia Picanço passam por uma triagem e, se necessário, realizam a profilaxia pós-exposição (PeP), com uso de medicações. Isso deve ser feito em até 72 horas após o ocorrido. “Depois desse período (e se houver contaminação), o HIV já entrou no organismo e, dessa forma, o remédio não consegue fazer mais efeito”, informa Bruno. Ele acrescenta que esses medicamentos quase não causam mais efeitos colaterais atualmente. “Quem foi agulhado não precisa entrar em pânico. Hoje em dia, a Pep tem boa eficácia”.

Com informações do JC Online

Inscreva-se no canal do Mídia em Ação no Youtube e visite as nossas páginas no Facebook, Twitter, Instagram e Vimeo!

إرسال تعليق

أحدث أقدم

PUBLICIDADE