O corpo do menino, que vivia sob intensa tortura física e psicológica conforme a Polícia, ainda não foi encontrado
Delegado afirma que a criança vivia sob intensa tortura e era trancada e amarrada dentro de um roupeiro — Foto: Reprodução/ RBS TV |
A morte do menino Miguel dos Santos Rodrigues, 7, que foi medicado pela mãe e teve o corpo jogado em um rio, é investigada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Em depoimento, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues teria confessado o crime. Ela está presa desde a última quinta-feira (29/07).
Bruna Nathieli Porto da Rosa, companheira de Yasmin, foi presa temporariamente no domingo (01/08), por suspeita de participação no crime. As informações são do G1 RS.
Ela negou qualquer envolvimento na morte de Miguel e afirmou que a mãe do garoto agiu sozinha. O advogado de defesa da dupla disse que só se manifestará nos autos do processo.
A prisão de Bruna ocorreu após policiais encontrarem vídeos que indicam tortura psicológica e cárcere privado da criança, além de troca de mensagens entre o casal, falando sobre prender o menino e comprar correntes.
TORTURA
De acordo com o delegado Antonio Carlos Ractz, que investiga o caso, Miguel sofria constante tortura física e psicológica. Ele acredita que o menino era mantido dentro de um guarda-roupa.
Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra o menino dentro do cômodo em conversa com a companheira da sua mãe.
"Eu vou te cuidar. Se a tua mãe chegar e tu te mijar, eu te desmonto a pau. Eu te desmonto, eu te desmonto, eu te desmonto, e tu vai sair todo quebrado. Se tu se mijar, eu pego o teu mijo e esfrego na tua cara", diz Bruna.
Ela perguntava a Miguel porque ele "dava com a cara no armário" e se "jogava" quando a mãe, Yasmin, estava presente. O pequeno, que tinha sete anos, respondeu acreditar que a mãe o ajudaria.
"É porque com ela eu acho que daí ela me ajuda. Com ela eu tento me aparecer de todos os jeitos pra ela dizer: 'não, vou deixar ele solto, porque olha, ele não consegue segurar o xixi e ele preso ele não consegue ir no banheiro sozinho, ele precisa avisar e ele não tá avisando, então eu vou deixar ele solto", responde a criança.
O delegado afirma que a criança vivia sob "intensa tortura". "Era desnutrida, embora tivesse matriculada na escola, não tinha amigos, não frequentava lugar algum, era trancada em um cômodo da casa, posta de castigo, trancada amarrada dentro de um roupeiro", comenta Ractz.
MORTE DE MIGUEL
Segundo o G1 RS, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues administrou medicamentos em Miguel na madrugada da última quarta-feira (28) e o colocou dentro de uma mala. Conforme a Polícia, ela relatou que não tinha certeza se neste momento o filho estava vivo ou já morto.
A mala com o corpo de Miguel foi jogada no Rio Tramandaí, no município de Imbé, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Um dia depois, na noite de quinta-feira (29), a mulher foi até a delegacia para reportar o desparecimento do filho.
Depois, já em depoimento, ela confessou o crime. Yasmin alegou ao delegado que Miguel era fruto de um estupro.
"Primeiro disse que era fruto de um estupro, mas ela morava com esse namorado na casa dos próprios pais, então a história já não se confirma. Ela tem um perfil de psicopata. Durante toda a minha carreira, eu não havia me deparado com alguém tão frio", informa o delegado.
BUSCAS PELO CORPO
Até a noite desta segunda-feira (2), o corpo de Miguel não havia sido encontrado. Desde a última quinta-feira (29), bombeiros fazem buscas no Rio Tramandaí, após a confissão do crime pela mãe.
Equipe de mergulhadores de Porto Alegre foram acionadas e, durante o fim de semana, auxiliaram nas buscas durante o fim de semana. Alertas foram disparados para que embarcações ficassem atentas.
Nesta segunda, o comandante do Corpo de Bombeiros de Tramandaí, tenente Elísio Lucrécio, afirmou que as buscas agora se concentram no mar. A correte da lagoa e do rio onde o menino foi jogado pode levado o corpo para o oceano.
"A correnteza do rio está forte, continua mandando água para fora, em direção ao mar. Já será o terceiro dia de vazante. Então isso também diminui as nossas chances de o menino ainda estar na lagoa, estar no rio", ponderou Lucrécio.
CONSELHO TUTELAR
Ainda nesta terça-feira (3), o Conselho Tutelar de Paraí, cidade onde Miguel morava com a mãe, disse nunca ter recebido relatos de maus-tratos e agressões relacionados à família.
A conselheira tutelar de Paraí Maria Therezinha da Silva Richetti negou a informação concedida pela Escola Mateus Dal Pozzo. A criança estudou no local até o mês de abril deste ano.
"É uma surpresa. Nunca veio nenhuma denúncia, nada. Se não a gente teria tomado a providência, feito visita. A gente não tem como adivinhar que está acontecendo", alegou Therezinha.
Com informações do Diario do Nordeste